quarta-feira, 8 de setembro de 2010

''Oriente Médio: Terra de fundamentos religiosos''

O Sudoeste do continente asiático recebe o nome de Oriente Médio. É uma das regiões que mais chama a atenção no cenário geopolítico e econômico mundial.


O Oriente Médio encontra-se em uma área estratégica, em contato com o centro e sul da Ásia, além da Europa e da África. É cercado por posições estratégicas como o Canal de Suez e os Estreitos de Ormuz. O Canal de Suez, construído no século XIX com a finalidade de facilitar as rotas marítimas comerciais entre o Ocidente e o Oriente através do Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho, está obsoleto. Sua pequena profundidade impede o trânsito de navios de grande calado.



O Oriente Médio é cortado pelo Trópico de Câncer que atravessa a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Omã. É cercado pelo Oceano Índico e vários mares como o Mediterrâneo, Negro, Cáspio e da Arábia. Limita-se com o Egito, com o Paquistão, China e com vários países que integravam a ex-URSS.


No relevo do Oriente Médio encontramos um predomínio de áreas planálticas antigas, de altitudes medianas e com muitas áreas aplainadas. Destacam-se os Planaltos Árabe, Iraniano e de Anatólia. Ao norte encontramos cadeias de montanhas, como os Montes Taurus (Turquia), Zagros (Irã) e a Cadeia do Hindu Kush (Afeganistão). Essas áreas apresentam um relevo bastante irregular, acidentado, repleto de montanhas e sujeito a ocorrência de terremotos. São áreas geologicamente instáveis. Verificam-se ainda planícies litorâneas e uma planície mais importante, com solos férteis, berço das primeiras civilizações humanas: a Planície da Mesopotâmia, no Iraque. Podemos ainda destacar uma pequena depressão, formada por movimentos tectônicos, entre Israel e Jordânia, atingindo 394 metros abaixo do nível dos oceanos: a Depressão do Mar Morto.



No Oriente Médio predominam os climas árido e semi-árido, com a ocorrência de xerófitas e estepes. Encontram-se vários desertos nos países dessa região. Nas áreas mais elevadas ocorrem o clima e a vegetação de montanhas.



A hidrografia dessa região é pobre e, devido ao clima mais seco, ocorrem vários rios intermitentes ou temporários. Os mais importantes perenes e mais extensos são os rios Tigre e Eufrates. Eles nascem no Planalto de Anatólia, na Turquia, e correm para o sul atravessando a Planície da Mesopotâmia. Esses rios terminam juntos formando uma única foz: o Chatt-el- Arab, na fronteira entre o Iraque e o Irã, despejando as águas no Golfo Pérsico.

No Oriente Médio algumas atividades econômicas são tradicionais como a pecuária nômade e a agricultura de subsistência, praticadas há milhares de anos. Na pecuária destacam-se os rebanhos de ovinos, caprinos e camelos. São atividades limitadas e definidas pela influência do quadro natural com muitas áreas desérticas e semi-áridas.



Vários países do Oriente Médio procuram também desenvolver a agricultura irrigada em áreas desérticas. Israel é um país que pioneiramente procurou desenvolver tecnologia nesse setor, destacando-se os cultivos no Deserto de Neguev, aproveitando água do Rio Jordão e do Mar Morto.


O setor industrial é limitado destacando-se a produção de tapetes como no Irã, Iraque e Afeganistão, algumas indústrias de base na Turquia e maior diversificação industrial em Israel, com um parque industrial que não é de grande porte, mas caracteriza-se pelo desenvolvimento tecnológico (informática, eletrônica, armas, setor nuclear...).


Evidentemente, o maior destaque quando se fala em economia nessa região é o petróleo. Muitas jazidas são encontradas ao redor do Golfo Pérsico, uma das maiores reservas mundiais. Não se engane acreditando que todos os países do Oriente Médio são grandes produtores e exportadores de petróleo. Isso não é verdade. E também não é verdade que eles são países ricos por possuírem muito petróleo. Como já afirmamos anteriormente, a riqueza nessa região é muito mal distribuída, os lucros obtidos com a exportação de petróleo ficam nas mãos de poucos, quando não são mal investidos ou gastos com armamentos e guerras.


É muito importante lembrarmos, ainda que de passagem, de alguns dos conflitos que já ocorreram ou ocorrem no Oriente Médio. Precisamos alertar que, ao analisar esses conflitos, não devemos nos permitir generalizações. Não podemos simplesmente acreditar que todo conflito no Oriente Médio apresenta razões religiosas ou a briga pelo controle do petróleo. Assim, vamos apresentar alguns eventos importantes na conturbada história recente dessa região:



*Revolução Iraniana – Em 1979 o xá Reza Pahlevi abandona o poder diante de uma revolução desencadeada pelo grupo xiita e liberada pelo aiatolá Khomeini que vivia exilado na França. A implantação de um governo conservador e ditado por princípios religiosos rígidos impõe normas de conduta à população, principalmente às mulheres e provoca uma reorientação na política exterior desse país. Piora o relacionamento com o mundo Ocidental, especialmente com os EUA. A crise chega a envolver a invasão da embaixada norte-americana em Teerã. Funcionários são tomados como reféns por mais de um ano. O relacionamento com os EUA continua piorando quando o Irã ameaça bloquear o Estreito de Ormuz para a passagem de petroleiros durante a Guerra Irã-Iraque e quando o governo iraniano passa a dar apoio a grupos terroristas. É possível perceber nos últimos anos um avanço de grupos mais moderados no quadro político interno desse país, mas o poder central permanece nas mãos dos aiatolás.




*Guerra Irã-Iraque – Em 1979 o Iraque invade o Irã procurando ter o domínio sobre toda a região do Chatt-el-Arab, única saída que o Iraque tem para o mar, além de ser uma área com jazidas de petróleo e terminais marítimos exportadores. A guerra se estende até 1988 com centenas de milhares de mortos. O Irã é acusado de usar crianças nas frentes de batalha e o Iraque de utilizar armas químicas. A economia dos dois países é seriamente prejudicada e, após um oferecimento da ONU de atuar como intermediadora, o conflito é interrompido sem vencedores. O saldo é negativo para os dois que permanecem com péssimo relacionamento até hoje.


Após séculos dispersos pelo mundo, os judeus ensaiam um retorno à sua região de origem, a Palestina, a partir de um movimento, o Sionismo, desenvolvido no final do século XIX. Inicia-se esse movimento de retorno que pregava a constituição de um Estado judeu na Palestina. A perseguição aos judeus imposta pelo regime nazista na Europa acelera a volta desse povo para a Palestina agravando o relacionamento já complicado entre esse povo e os árabes que viviam nessa região.

Nessa época a Palestina estava sob mandato britânico e, como não conseguiam resolver o problema do relacionamento entre árabes e judeus (já enfrentando uma guerra civil entre 1936 e 1939), os britânicos passam para a ONU a tarefa de resolver esse problema. Mas, antes de continuarmos a analisar esse conflito e a participação da ONU, vamos inicialmente entender o motivo desse conflito entre árabes e judeus.

*Motivo - os dois grupos disputam a região da Palestina. O interesse nessa área diz respeito ao controle de terras (um lugar seguro onde possam viver), de fontes de água (devido ao predomínio de áreas áridas e semi-áridas) e de locais sagrados. A cidade de Jerusalém encerra locais sagrados para judeus, cristãos e muçulmanos. Os palestinos-árabes desejam que Jerusalém Oriental se transforme na capital do seu futuro Estado. Judeus conservadores não concordam em dividir o controle de Jerusalém com os árabes.

Principais acontecimentos



*1947 - a ONU elabora um Plano de Partilha com a intenção de dividir a Palestina. Parte dessa região seria entregue aos árabes e, outra parte para os Judeus. Não houve concordância dos árabes em relação a essa divisão;


*1948 – no dia 14 de maio é proclamado o Estado de Israel. Os árabes tentam impedir sua criação provocando uma primeira guerra entre eles que termina com a vitória e consolidação de Israel e o desaparecimento do embrião do Estado árabe-palestino;


*1956 – durante a crise da nacionalização do Canal de Suez pelo Egito, Israel aproveita para atacar esse país e ocupar a Faixa de Gaza e a Península do Sinai, mas por pressões internacionais é obrigada a recuar;


*1967 – Israel enfrenta o Egito, a Síria e a Jordânia na Guerra dos Seis Dias ocupando a zona oriental de Jerusalém, as Colinas de Gola (Síria), Península do Sinai (Egito), Faixa de Gaza e Cisjordânia (reivindicadas pela OLP – Organização para a Libertação da Palestina);




*década de 1970 – os árabes utilizam o petróleo como arma política provocando dois choques mundiais com a drástica elevação do preço dessa fonte de energia. Assim, os países importadores buscam alternativas em fontes renováveis (como o Pró-álcool no Brasil) ou aumentam a utilização de fontes como à energia nuclear;


*1979/1982 – Israel e Egito negociam o Acordo de Camp David que resulta na devolução da Península do Sinai ao Egito em 1982 e o reconhecimento de Israel por esse país;


*1982 – Israel invade o sul do Líbano para tentar destruir a base da OLP;


*1987 – início da Intifada, rebelião palestina contra Israel em virtude da ocupação de suas terras pelos judeus. A Intifada se agrava nos próximos anos com períodos de interrupção e relativa paz;
*1993 – no dia 13 de setembro Israel e a OLP assinam o Acordo Gaza -Jericó em que se prevê a devolução da Faixa de Gaza e da cidade de Jericó para a OLP. O acordo prevê desdobramentos com a devolução de outras áreas da Cisjordânia para os árabes nos anos seguintes, mas o assassinato do Primeiro Ministro israelense Itzhak Rabin em 1995 complica a situação. Nos anos seguintes, sucessivas trocas no governo de Israel, alternando no poder o partido Trabalhista e o Likud, dificultam os avanços nos acordos de paz;


*1998 – com a intermediação norte-americana chega-se a um acordo complementar entre judeus e palestinos-árabes, o Acordo Wye Plantation, para a libertação de prisioneiros palestinos e devolução de mais 13% da Cisjordânia. Em contrapartida a OLP se compromete a combater o terrorismo e a eliminar artigos que pregam a destruição de Israel;


*2001/2002 – agrava-se a Intifada diante do fracasso das negociações em concluir um amplo acordo de paz entre árabes e judeus, diante da retomada dos ataques terroristas e da repressão do Estado de Israel.





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